João Chagas Leite, voz maior do nativismo gaúcho, morre aos 80 anos
O Rio Grande amanheceu mais silencioso nesta terça-feira, 11 de novembro de 2025. Faleceu em Erechim, aos 80 anos, o músico nativista João Chagas Leite, autor de “Desassossegos”, uma das marcas registradas do cancioneiro gaúcho. Ele estava internado no Hospital de Caridade de Erechim para tratamento de câncer e não resistiu. O sepultamento está previsto para quarta-feira (12), às 9h, no Cemitério Pio XII.
Natural de Uruguaiana, nas barrancas do Rio Uruguai, João Chagas Leite construiu uma trajetória sólida na música nativista, unindo poesia fundo de campo e melodia campeira. Entre as composições e interpretações mais conhecidas, além de “Desassossegos” — em parceria com o letrista Vaine Darde, lançada no álbum Amigo do Peito (1998) — estão temas como “Ave Sonora”, “Amigos do Rio Uruguai”, “Barranqueiros” e “Partida”, que o consolidaram como referência dos festivais e dos palcos pelo Sul e pelo Brasil afora.
João foi presença marcante em eventos como a Califórnia da Canção Nativa, em sua Uruguaiana, onde lapidou a identidade artística e ajudou a escrever a história do movimento nativista. Somou 13 primeiros lugares em festivais e venceu duas edições seguidas da Tertúlia Musical Nativista, entre outros reconhecimentos, levando o canto gaúcho a estados como São Paulo, Mato Grosso do Sul, Bahia, Espírito Santo, além de apresentações no Uruguai e na Argentina.
Defensor da chamada “projeção folclórica”, João fazia questão de manter o linguajar campeiro vivo nas letras, mesmo quando o público estava longe do pago, e costumava lembrar que a música gaúcha “não é massificada pela mídia”, apesar de estar pronta para o Brasil.
Na querência da Rádio Macanuda, João Chagas Leite segue vivo em cada acorde de violão, em cada verso que fala de rio, de pampa e de saudade. A programação da emissora mantém suas obras em destaque como forma de homenagem e respeito a esse grande nome da música nativista gaúcha.
