Manifesto da Rádio Macanuda
Manter as tradições é como acender o fogo do galpão: aquece a alma, clareia o caminho e lembra quem somos. A Rádio Macanuda nasceu desse espírito, de tocar a música da nossa gente e valorizar o jeito campeiro que nos une no campo e na cidade.
Mas o gauchismo que defendemos não cabe em manuais rígidos nem em fronteiras estreitas. Ele pulsa nas ruas, nos homens e mulheres do campo, nas mudanças que o tempo trouxe ao longo dos anos. Ser gaúcho não é bitolar-se às regras de instituições, mas sentir a vida que corre nas veias do nosso povo.
É fácil para nosotros fazer a Rádio Macanuda. Difícil, e necessário, é lembrar para alguns que a Revolução Farroupilha foi muito além do que se conta nos livros de sala de aula.
O gaúcho de verdade carrega no lombo a herança de muitos povos: os indígenas e os africanos, povos massacrados ao longo dos anos e que deixaram grande legado nestas terras; os imigrantes que aqui fincaram o garrão, ajudando a erguer este chão de trabalho e esperança.
Viva o 20 de Setembro, sim! Mas sem apagar linha alguma da história. Pois negar é desrespeitar. Nosso orgulho só faz sentido se for inteiro ̶ com todas as cores, vozes e dores que moldaram este pago. Pode ter um sulista mais campeiro que outros nestes fundões de campo, em rodeios, mas ninguém é mais gaúcho, nesta linha que defendemos.
Ser gaúcho é vestir bombacha, mas também é abrir a mente. É chimarrear ao redor do fogo, na praça, no shopping, mas também acolher quem chega de outras querências. É preservar o passado, mas ousar construir um futuro melhor para a piazada, para quem escolhe viver por aqui, afinal ser gaúcho é pertencer a tudo isso que há muito nos pertence.
A Rádio Macanuda acredita nisto: somos gaúchos, e muito além dos campos e rodeios. Somos pertencimento, somos mistura, somos resistência e sonho. Peleamos por dias melhores para sermos ainda mais: melhores, justos e livres de amarras que nos limitam somente ao passado.